Eu, ainda jovem e a política
Sei que esse título parece um clichê nos dias de hoje, mas percebo que essa temática deveria estar mais presente no cotidiano dos nossos jovens. Recentemente o ex-presidente Luiz Inácio (LULA) conclamou a camada mais jovem da população à participação nas decisões políticas do País em uma mensagem que ainda circula pelas redes sociais. Uma atitude digna de aplausos, visto que as pessoas estão a cada dia que passa se distanciando por demais da política, o que é muito ruim para a democracia brasileira que foi conquistada com muita luta, num processo histórico que culminou com as eleições diretas, e que levou ao poder um presidente que o povo não quis e o expulsou com as famosas caras pintadas dos estudantes jovens em sua maioria, lá pelos idos do início da década de 1990.
Infelizmente a maioria dos jovens no Brasil (e aqui em PE não é muito diferente) chega ao final do ensino médio sem nem sequer saber para quê servem os três poderes de uma democracia participativa: O judiciário, o legislativo e o executivo. Como podemos cobrar engajamento dessa juventude que aí está se ela não sabe o quê, o porquê e para quê toda essa estrutura institucional que é indispensável ao funcionamento de qualquer democracia moderna? É urgente uma reforma nesse modelo educacional das escolas, que marginaliza os jovens de famílias pobres “jogando-os” para os chamados “programas dos fora de faixa” com a desculpa de que é melhor ele estudando em tempo curto do que fora da escola, isso é um absurdo é um desserviço à educação. Estamos gerando três tipos de alunos: de 1ª nas “Integrais” de 2ª nas “normais” e de 3ª nos chamados projetos especiais. Apenas um paliativo para mascarar a deficiência na quantidade e na qualidade das escolas que deveríamos ter.
Lembro-me muito bem da época de minha militância em movimentos estudantis, quando apoiávamos as greves dos nossos professores por melhores salários e condições de trabalho. Dos congressos estudantis, dos grêmios escolares e já na UFRPE, das disputas pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes)... Esse meu engajamento foi muito importante para o meu desenvolvimento pessoal e intelectual, foi uma grande escola, sinto falta disso na rapaziada de hoje, os poucos que ainda se engajam, quase sempre têm alguma ligação com gabinetes de senadores, deputados ou vereadores, o que a meu ver, anestesiou um pouco o poder de mobilização. Mas é isso: analfabetos políticos não têm como se organizarem por uma nova sociedade, vão militar por quem? Contra quem? O “inimigo” está invisível.
Apesar de tudo, sou otimista, acredito que teremos uma nova geração no futuro, mais consciente politicamente, graças à democratização da informação na era digital, entretanto menos partidarizada devido ao marasmo e a mesmice dos políticos “profissionais”. Há uma renovação no mundo da política embora seja pequena, mas existe, no entanto com as mesmas velhas práticas dos “padrinhos” destes jovens políticos que vemos por aí (com raríssimas exceções). E juntamente com o saudoso Gonzaguinha eu vou cantando: “Eu acredito é na rapaziada/Eu vou à luta com essa juventude!”
Marcone Melo